quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Professor de alemão é geralmente estrangeiro



Não tenho nenhum problema em dizer que muitos de meus professores de alemão foram estrangeiros. Apesar de a língua ser uma espécie de pátria ou a pátria propriamente dita, como opinava meu pai, precisei ser estrangeiro para aprendê-la e experimentar diversas incubações, primeiro como filho de alemão no Brasil e depois, como brasileiro na Alemanha, sentimento que me toma não raras vezes.

Primeiramente, meu pai nasceu numa região que hoje não faz mais parte da Alemanha. Quando criança, reza a lenda, falava polonês com seus amigos de rua. No trato da língua alemã praticamente não se fazia notável dialeto, apesar de certamente haver algo que não era o alemão oficial e que se perdeu depois da guerra, sendo elementos provenientes daquela região mal vistos na Alemanha Ocidental do pós-guerra. O que acabou sendo uma dádiva, pois em algumas regiões da Alemanha, Áustria ou Suíça é bem possível que você tenha, depois de achar que aprendeu alemão carregado de dialeto, passar por novos cursos, para retirar os vícios obtidos. E isso é bem mais difícil do que aprender dialeto depois de haver conseguido aprender alemão a um nível médio.

Posteriormente, tive um episódio engraçado em minha primeira aula de alemão aqui na Alemanha. Aconteceu na cidade de Offenbach, a cidade com o índice mais elevado de estrangeiros naquela época (creio esse recorde não haver sido tomado por outra cidade). Assim se deu: fomos, eu e minha irmã, para nossa primeira aula, ainda sem saber quem seria o professor. Depois de dez minutos conversando de forma descontraída, ao redor de uma mesa, ficamos nós dois com as cabe e os dorsos voltados para um outro aluno, que tinha uma ótima dicção e que, apesar de também ser brasileiro, falava realmente muito bem a língua alemã. Qual não foi a nossa surpresa, quando um senhor quarentão de cabelos crespos e aparência nada alemã começou a passar matéria! Depois ficamos sabendo, esse nosso primeiro professor na Alemanha era turco e veio para a Alemanha em sua adolescência.

Ainda mais tarde, o meu professor predileto no curso de alemão da universidade de Frankfurt, esse era alemão mesmo. Mas havia um porém: não conseguia falar com descendentes de judeus e morria de medo de falar sobre o holocausto com um descendente de uma vítima. Não tenho nenhuma vítima de holocausto na família, mas a simples possibilidade já o deixou, talvez, suado.

Outra professora, também da mesma instituição, achava as mulheres alemãs feias. Para a surpresa de muitos, pois muitas das supermodelos mais bem pagas e fetiche de muitas garotas estrangeiras eram exatamente alemãs. Afinal, que falta de auto-estima era aquela, em se dizendo que todas as mulheres alemãs eram feias? Definitivamente, o consciente estético dela, certamente era anti-alemão...

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