segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Edelweisspiraten

Ontem assisti ao filme Edelweisspiraten e gostaria de falar um pouco sobre esse filme e, aproveitando o ensejo, explicar sobre palavras compostas.

Então, se você tem vontade de saber mais sobre palavras compostas, leia mais tarde aqui o texto.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Professor de alemão é geralmente estrangeiro



Não tenho nenhum problema em dizer que muitos de meus professores de alemão foram estrangeiros. Apesar de a língua ser uma espécie de pátria ou a pátria propriamente dita, como opinava meu pai, precisei ser estrangeiro para aprendê-la e experimentar diversas incubações, primeiro como filho de alemão no Brasil e depois, como brasileiro na Alemanha, sentimento que me toma não raras vezes.

Primeiramente, meu pai nasceu numa região que hoje não faz mais parte da Alemanha. Quando criança, reza a lenda, falava polonês com seus amigos de rua. No trato da língua alemã praticamente não se fazia notável dialeto, apesar de certamente haver algo que não era o alemão oficial e que se perdeu depois da guerra, sendo elementos provenientes daquela região mal vistos na Alemanha Ocidental do pós-guerra. O que acabou sendo uma dádiva, pois em algumas regiões da Alemanha, Áustria ou Suíça é bem possível que você tenha, depois de achar que aprendeu alemão carregado de dialeto, passar por novos cursos, para retirar os vícios obtidos. E isso é bem mais difícil do que aprender dialeto depois de haver conseguido aprender alemão a um nível médio.

Posteriormente, tive um episódio engraçado em minha primeira aula de alemão aqui na Alemanha. Aconteceu na cidade de Offenbach, a cidade com o índice mais elevado de estrangeiros naquela época (creio esse recorde não haver sido tomado por outra cidade). Assim se deu: fomos, eu e minha irmã, para nossa primeira aula, ainda sem saber quem seria o professor. Depois de dez minutos conversando de forma descontraída, ao redor de uma mesa, ficamos nós dois com as cabe e os dorsos voltados para um outro aluno, que tinha uma ótima dicção e que, apesar de também ser brasileiro, falava realmente muito bem a língua alemã. Qual não foi a nossa surpresa, quando um senhor quarentão de cabelos crespos e aparência nada alemã começou a passar matéria! Depois ficamos sabendo, esse nosso primeiro professor na Alemanha era turco e veio para a Alemanha em sua adolescência.

Ainda mais tarde, o meu professor predileto no curso de alemão da universidade de Frankfurt, esse era alemão mesmo. Mas havia um porém: não conseguia falar com descendentes de judeus e morria de medo de falar sobre o holocausto com um descendente de uma vítima. Não tenho nenhuma vítima de holocausto na família, mas a simples possibilidade já o deixou, talvez, suado.

Outra professora, também da mesma instituição, achava as mulheres alemãs feias. Para a surpresa de muitos, pois muitas das supermodelos mais bem pagas e fetiche de muitas garotas estrangeiras eram exatamente alemãs. Afinal, que falta de auto-estima era aquela, em se dizendo que todas as mulheres alemãs eram feias? Definitivamente, o consciente estético dela, certamente era anti-alemão...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O alemão é mais difícil que o português


Ouvi de um aluno e li essa frase agora há pouco no facebook e, por isso, gostaria de discutir aqui no blogue.

Em grande parte da ortografia e gramática, a língua alemã é mais complexa que o português.

O que dizer a este respeito. O alemão é grande, mas é só uma língua.

A verdade é mais complexa, entenda. O problema do nosso Brasil é que não se aprende outras línguas e não se conhece de perto outras culturas. O aprendizado do Inglês e do Espanhol nas escolas é superficial demais. O preço de boas escolas de línguas é alto. Em outras palavras, o nosso português acaba sendo a única língua do nosso país, sendo que ainda assim exista uma certa vulnerabilidade na cultura: português de boa qualidade é pouco falado.

O Brasil é uma grande ilha onde se fala somente uma língua. Como nos EEUU, fala-se muito a sua própria língua e, muitas vezes, apenas na versão regional. No sul, onde ainda existe gente que fala alemão, japonês ou italiano, nota-se uma forma brasileira de ¨pensar¨ essas línguas nos falantes. Nas colônias, vilarejos onde os imigrantes se assentaram, não creio que se fala alemão de boa qualidade, pois para isso seria necessário bons professores. Quando os pais passam adiante a sua língua, estão passando uma língua já passada, não atualizada e com os seus próprios interesses.

Portanto, no Brasil existe uma distância das outras culturas, o que faz com que o brasileiro tenha pouca propensão para a interculturalidade. O que é a interculturalidade. É a capacidade de se caminhar entre culturas diversas.

Ora, ouvir e entender são duas das primeiras condições para o aprendizado de uma língua. Para se quebrar o gelo, é preciso estar pronto a entender mensagens. Ter raízes alemãs não trará benefícios, fora talvez apenas o interesse maior pela cultura dos antepassados.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Das Wunder von Bern

Assisti esses dias o filme Das Wunder von Bern, O Milagre de Bern. O filme me cativou pelos detalhes e acabei querendo escrever um texto. 

O filme de Sönke Wortmann é uma mistura de documentário e um (leve) drama. Chamam a atenção o cenário, simulações de cenas futebolísticas e o plot envolvente. 

Matthias é o caçula de uma família que, como muitas crianças nessa época do pós-guerra, não vive com o pai. A mãe sustenta os três filhos durante e depois do fim da guerra. Esses aprendem  a viver sem um chefe de família. Quando, depois de 12 anos, o pai retorna de sua prisão de guerra na Sibéria, decide imediatamente retomar o seu papel. Mas, nada acontece com normalidade. Os papéis se confundem, uma vez que muito tempo havia passado e a guerra o influenciou demais. O repatriado tenta cativar os filhos da forma errada, eles o encaram como um estranho no próprio ninho. Enfim, o filho mais velho não aguenta a constante tensão entre ele e o pai repatriado, e decide migrar para Berlim Oriental. Resta a Matthias, o caçula, aceitar o pai e aturar suas manias.  

Matthias é o ajudante de um dos jogadores da seleção alemã. É o perdedor das peladas da rua, que parece precisar da figura de um pai auxiliador. Assim como a Alemanha na Copa, não é um favorito, pelo contrário. A Copa de 1954, nove anos depois do término da Segunda Guerra Mundial, é uma etapa importante na história da Alemanha Ocidental, é o momento em que o orgulho perdido na guerra é reavivado, a ponto de se poder dizer que com a vitória no futebol, a nação inteira sentiu-se renascer. O futebol concedeu um gosto já perdido ao povo, vindo a vitória ser vista como o Milagre de Berna (cidade na Suíça onde aconteceu a final da Copa de 1954).


Quando seu pai  nota que está fazendo muita coisa errada, decide falar com um padre, que o ajuda. O padre empresta seu carro e ,com o automóvel, o pai faz uma surpresa a Matthias: o leva para ver a final da Copa.

O filme é amável retratando os personagens e na construção alternativa, hora mostrando o garoto Matthias em Essen, hora mostrando cenas dos treinos e jogos da seleção alemã. Apesar do enfoque historialista, não se trata de um filme puramente realista, tendo eles ares de fábula patriota: Em uma cena de jogo de Copa, um jogador alemão faz um truque que eu nunca vi nenhum jogador alemão fazer. Ou a cena chave do filme, quando, no jogo final, a bola vai parar nos pés do loirinho Matthias, que, como um gandula errado, dá um passe para o seu amigo e jogador da equipe, que nessa cena, acaba fazendo o gol de vitória da Alemanha.
No geral, foi um filme muito bem feito, exatamente pela riqueya de detalhes. A história é dividida entre a crise familiar e a campanha da Copa. Eu preferiria se o filme contasse mais o lado social da família e menos a Copa. Mesmo que o plot, alternando entre um e outro, ficou muito cativante.

Lição pra você que já sabe alemão: veja o filme, aprenda um pouco da história alemã do século XX. Interessante, se você já está num nível avançado: os sotaques ou variações de alemão dos jogadores no filme...